Por: José António Domingues
Ser e ter (Être et avoir, 2002) é um filme emocionante sobre o lado tranquilo e calmo que reina na escuta do professor e dos alunos, de uns aos outros, numa sala de aula de uma escola primária de aldeia em França. O realizador deste filme, Nicolas Philibert, procura aqui conduzir-nos a uma questão que nós, espectadores, podemos muito bem repartir com ele e que é a de aprender a viver em conjunto. ''Donne moi ta main'' (Dá-me a tua mão) é a frase iniciática de uma caminhada em solidariedade de duas crianças num cenário que é figurado através da montanha, a neve, o vento, a tempestade, uma natureza hostil. Segundo Philibert, com estas imagens estar-se-á no coração daquilo que trata a educação, justamente o construir uma confiança de avançar alicerçada numa exigência de se projectar no futuro, de prosseguir em direcção ao desconhecido. Esta escola - a escola - é o lugar de onde se olha o mundo. Neste filme existe a beleza de preservar o acto educativo como acto de conquista de sapiência de um olhar baseado na troca (échange) entre um exterior difícil e um íntimo acolhedor.
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